terça-feira, 20 de setembro de 2016

Uma breve conversa

Já era noite e ele estava sentado na beirada do barranco observando as ondas quebrarem praia abaixo, a noite estava fria e agradável, como a muito tempo não estava, este dia tinha sido um dia bastante tranqüilo e animador, havia levantando o seu ânimo como a muito tempo não se via e ele estava desfrutando daquilo como quem desfruta de um banho quente após um longo dia cansativo. O vento salgado do mar soprava rajadas contínuas sobre ele, balançando os seus cabelos e provocado leve arrepios na pele. De pernas cruzadas e  trajando somente um short e uma camisa ele olha para cima e observa a lua cheia, com aros em volta dela, após isso ele fecha os seus olhos e dá um pequeno sorriso involuntário, ele está feliz e não sabe bem o porquê, mas sabe que está.  Algum tempo se passou até que uma jovem se aproxima calmamente para junto dele, para um pouco atrás e se põe a observá-lo.
- Hum...oi – ela diz.

- Olá. – Ele responde ainda com o sorriso no rosto, levanta os olhos e se põe a observar a garota que se aproximou.

- Posso me sentar aqui também?
- Fique a vontade – disse ele tornando a virar o rosto para o mar.
A garota recém chegada se aproxima e senta ao lado do rapaz e se põe a observar o mar junto dele.  Os dois continuam em silêncio durante um tempo, apenas observando o mar e dando ocasionais olhadas para lua e para a extensão da praia, a garota o observa de vez em quando, observando os seus traços e a suas feições, até que ela decide quebrar o silêncio.
- Bem, é meio complicado falar, mas... você sabe quem eu sou, não é?
- Sim, sei quem é você.
- E você não está surpreso em me ver?
- Na verdade não, eu já esperava que você aparecesse a algum tempo. – respondeu ele olhando fixamente para a praia.
- A... okay então.
Ela volta o seu olhar para a praia e mais uma vez um silêncio se instaura entre eles, a garota as vezes se sente tentada a quebrá-lo, mas sempre desiste no último segundo, da um longo suspiro, fecha os olhos e joga sua cabeça para trás a fim de aproveitar o vento. Nesse instante o rapaz se põe a observar de verdade a garota, ela tem a pele branca como a lua, longos cabelos negros que vão até o meio das costas, tem um rosto bonito, com as maçãs do rosto destacadas com pequenas sardas nelas, longos cílios e uma boca delineada, ela estava usando uma maquiagem escura , mas não pesada, estava de blusa preta com o logotipo de alguma banda estampada, vestia uma calça jeans desbotada e calçava um coturno, o que era meio estranho já que eles estavam em uma praia, ela tinha um ar acolhedor e passava a impressão de ter muita experiência, apesar de parecer tão jovem (por volta dos 17 anos na opinião dele), o que o deixava ao mesmo tempo intrigado e relaxado, exatamente nessa hora, ela abriu os olhos o pegou olhando para ela.
- O que foi? Algo errado? – perguntou ela gentilmente, mas também dando um leve sorriso.
- Sim, não, quero dizer, talvez... Ah, digamos que você não é exatamente do jeito que eu esperava que fosse.
-  Hum... minha aparência te incomoda? – perguntou ela virando o rosto para olhá-lo nos olhos.
- Na verdade não, você é bastante bonita... só que, não sei, não imaginava você assim.
Ela deu um leve riso que produziu um som doce e caloroso.
- Verdade? Então, como você me imaginava?
- Não sei, talvez como uma pessoa mais velha ou mesmo com uma roupa um pouco mais séria. – disse ele dando um leve sorriso de quem estava fazendo uma brincadeira.
Ela riu novamente produzindo outra vez aquele doce som, ele também sorriu e se pôs a observar novamente a praia e de novo o silêncio se pôs sobre eles, mas dessa vez era um silêncio agradável, daquele que se pode passar horas sem dizer nada que mesmo assim ele não se torna constrangedor. Após alguns minutos a garota quebrou o silêncio novamente, dessa vez não hesitando na hora de falar.
- Então... eu fiquei sabendo por aí que você estava querendo me encontrar, isso é verdade?
O rapaz olhou um pouco surpreso para ela, com uma mescla de confusão e curiosidade.
- Bem... isso é verdade sim, mas por que a pergunta?
- Era só para ter certeza mesmo.
- Não entendi.
- Ér... digamos que não é todo mundo que quer a minha presença, algumas pessoas até chegam a me procurar, mas quando percebem que eu estou indo, fazem de tudo para me afastar e na verdade isso é o normal, não é muito comum me deixarem chegar tão perto assim.
O rapaz dessa vez compreendendo a pergunta, se limitou a dar uma pequena risada e achar graça da situação e ao fazer isso teve uma leve impressão de que a garota corou um pouco. Ele abriu mais o sorriso e dessa vez teve certeza de que ela corou mesmo, quando ela desviou o rosto para o mar.
- Não precisa se preocupar comigo – disse ele – na verdade estou achando a sua presença muito agradável.
- Você é estranho, sabia?
- Hum, não sei, sou?
- Sim você é. Muita gente meio que chora quando me vê, outras ficam desconcertadas e outras mesmo chegam a ficar felizes, mas me lembro de pouquíssimas pessoas que ficaram tão tranqüilas comigo por perto.
- Bem... eu acho que é essa sua aparência que as deixa assim – Disse ele com um sorriso nos olhos e novamente viu a garota corar.
- Pode até ser que sim, mas isso não explica  nada, para cada pessoa eu uso um estilo diferente sabia?
- Imaginei que sim – disse o rapaz e após isso um breve silêncio caiu sobre eles
- Bem também tem outra coisa que eu achei estranho em você.
- O que é?
- O jeito como você fez para querer me encontrar, não é... comum, sabia? – Ela disse olhando para o rapaz esperando uma reação dele, ele se limitou a olhar para ela aguardando ela falar – Bem normalmente as pessoas me encontram de surpresa e acabam assustadas, outras, as que querem me encontrar, fazem um tipo de ritual se preparando e muitas vezes me afastam no último segundo, já outros fazem um barulho danado, já você... você foi  diferente, você queria me encontrar, mas não disse isso para ninguém e ficou somente aguardando eu aparecer e isso não é normal, realmente não é.
- E isso é ruim?
- ruim não é... é apenas estranho. – ela ficou olhando em silêncio para ele esperando alguma resposta, ele apenas desviou o olhar e voltou a olhar para a praia em silêncio, somente o vento e o barulho das ondas do mar preenchiam o ar, o vento estava frio e ela abraçou os joelhos para se esquentar um pouco mais, olhou para o rapaz e ficou observando o fato de que ele não parecia se incomodar com o frio, fechou os olhos e se pôs a escutar as ondas quebrando. E após um momento quem o quebrou dessa vez, foi o rapaz.
- Quer saber de uma coisa que eu descobri esses dias?
- Hum, uma coisa que você descobriu?
- Sim.
- Então me conte.
- Não vá achar estranho por favor, foi só uma coisa que me veio a cabeça enquanto eu pensava e na verdade é uma grande ironia. – Disse ele dando uma pausa. E olhando de canto de olho para a garota esperando a reação dela. Ela estava atenta e olhando com expectativa para o rapaz, esperando que ele falasse algo enquanto ele mantinha o suspense, e então percebeu que o rapaz não iria falar nada.
- Não vai querer me dizer? – Disse ela um pouco nervosa.
- Vou sim, só queria saber se você realmente iria ficar curiosa – Disse isso sorrindo e fazendo uma nota mental – Bem, mas voltando, a ironia que eu descobri é que, a única certeza que nós temos, a única coisa dita inevitável que nós humanos temos é na verdade a única coisa que os realmente podemos mudar. A Morte.
- Como assim? Como se pode mudar a morte?
- Bem... mudar, mudar ela não podemos, mas podemos dizer quando ela vai chegar, dependendo da decisão que nós tomarmos, nós podemos decidir isso, mesmo que inconscientemente.
- Não entendi.
- Okay, vou explicar então. Digamos que eu estou na casa de um amigo meu e já é madrugada, casa dele é em um bairro muito perigoso e eu estou sem condução para ir para casa, posso tomar duas decisões, ficar e dormir na casa dele ou ir para minha casa de pé, em qual dessas decisões tenho mais chance de morrer?
A garota acabou finalmente compreendendo o que ele estava falando  e acabou respondendo.
- É mais provável você morrer se for para casa a pé, mas essa não é uma decisão muito sensata.
- Não é sensata, mas é uma decisão que poderia apressar a minha hora, compreende?
Dessa vez a garota não respondeu e se limitou a acenar com a cabeça e ficar pensativa, o rapaz após dizer isso mergulhou em seus pensamentos e no meio deles começou a perceber algo, eles estavam em um tipo de padrão, conversavam um pouco e mergulhavam e silêncio, daí novamente conversavam e novamente ficavam em silêncio e isso se repetia, mas mesmo isso soando um pouco estranho, percebeu que gostava daquilo e até achava agradável.
- Você tem certeza disso? – Disse a garota abruptamente, arrancando o rapaz dos seus pensamentos.
- O que você disse?
- Eu perguntei se você tem certeza disso?
Após um minuto de confusão o rapaz compreendeu a pergunta e acenou com a cabeça.
- Você sabe que isso não tem volta, não sabe?
- Sim eu sei e meio que já esperava por isso.
A garota olhou com tristeza para ele.
- Mas pensa bem, você pode reconsiderar, você tem todo um futuro pela frente, você pode fazer mil coisas.
- Aé? O que por exemplo? – Disse ele com um ar de indiferença.
- Por exemplo, você poderia... – Ela parou de repente percebendo a armadilha em que quase caíra, olhou para o rapaz e percebeu que ele não estava tão indiferente assim, que havia uma minúscula fagulha de esperança nos olhos dele.
- Você não vai conseguir isso de mim, me desculpe.
- Não custava nada tentar – Disse o rapaz com um suspiro. – Mas já que eu não sei o que posso fazer e você não vai me contar, então eu tenho certeza da minha decisão.
A garota olhou para ele, mas OLHOU mesmo para ele, viu todas as suas feições, todo o seu potencial, que se fosse mesmo em frente com isso seria perdido para sempre e também viu a determinação do rapaz e percebeu que essa parecia ser a única coisa na qual ele estava realmente determinado a fazer, com tristeza se virou para o rapaz.
- Você sabe que, no momento que eu te tocar não haverá volta, o meu abraço e o meu beijo são únicos e após recebê-los você nunca mais será como é, não sabe?
- Na verdade sei sim e por alguma razão não acho que será ruim.
- Okay, mas irei te perguntar pela última vez, você realmente deseja isso?
- Sim eu desejo.
Então com pesar o coração a garota se levantou fazendo um gesto para o rapaz também se levantar, limpou a areia da calça, abriu os braços e abraçou o rapaz com ternura, um abraço forte que o envolveu totalmente. O rapaz sentiu o calor do abraço e aos poucos foi-se deixando levar por aquilo, estava tão bom, tão quente, tão aconchegante que ele se entregou totalmente por fim sentiu um beijo a sua testa, e o calor do abraço pareceu se intensificar e o envolver por completo. O frio da noite já havia passado, e aos poucos ele foi se deixando levar por aquele abraço que tanto ansiava, o que daria fim a tudo, o abraço da morte.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Louco Mundo de Minha Mente


Ele estava no sofá parado, olhando ao acaso quando ela se aproximou. Ela veio de fininho com passos suaves e calmos, a mão retirava uma mecha de seu longo cabelo castanho que tinha caído sobre os seus olhos, ela chega devagar, caminhando, quase dançando em sua longa camisola branca de seda ela adorava a sensação do frio da manhã sobre a sua pele e o doce roçar da seda em suas pernas, ela continuava a caminhar olhando fixamente aquele que parecia alheio a sua presença.  Ela sentou-se ao seu lado com um pulinho, cruzou uma das pernas sob a outra e recostou-se sobre ele, só ai que ele pareceu notá-la pela primeira vez. Seu cabelo era longo e escuro, com uma mexa que sempre lhe cobria os olhos, seus olhos castanhos tinham ao mesmo tempo um tom vago e focado. Ele estava olhando para a sua amada que acabara de sair de sua cama, ela ainda estava de camisola, mas ele já tinha posto uma camisa preta e sua calça jeans surrada, estava descalço, ele amava sentir o assoalho de madeira daquele chalé que toda noite ficava frio como gelo e conservava isso até tarde horas da tarde. O cheiro dos velhos carvalhos e do chão úmido da floresta enchia o local, barulho de pequenos roedores passeando pela floresta, de alces berrando e lobos uivando ao longe, o doce barulho da água de um córrego que desembocava no lago ao lado, tudo o fazia se sentir em casa. Ele acariciou levemente o seu rosto e ela o olhou com ternura, aqueles eram tempos bons e calmos, tempos em que podiam viver suas vidas sem preocupações desnecessárias, tempos que ele a muito havia sonhado e agora o estava realizando. Ele a beijou de leve para mostrar que estava ali e depois deu um longo e profundo beijo, apaixonado, encantado, mas ao mesmo tempo com uma ternura tão incrível que a fez ficar sem fôlego, depois que ele a beijou ela olhou para ele dando um sorrisinho. Ela ainda não havia se acostumado com isso, ele era perfeito, alto e forte, gentil e protetor, bonito e solene, era tudo o que ela havia sonhado. Ela acariciou levemente o queixo dele e parou a ponta dos dedos em seus lábios, olhou novamente para ele e sussurrou “deixe-me entrar em sua mente”. Ele a olhou quase se já adivinhasse que ela faria essa pergunta, “deixe-me entrar em sua mente”, ela havia pedido para ele muitas vezes, mas todas, ele a negara. Ela sempre o perguntava no que ele estava pensando quando ficava olhando ao acaso e ele todas as vezes respondia simplesmente “passeando pelo louco mundo de minha mente”, depois dessa resposta ela sempre fazia biquinho e ele sorria e logo após isso ela dizia “deixe-me entrar em sua mente”. Para algumas pessoas isso seria apenas uma brincadeira ou uma pergunta feita só por causa do momento, mas nunca levada a sério. Mas no caso deles era diferente, ela realmente poderia entrar na mente das pessoas e ver o que elas estavam pensando, sentindo ou vivendo, ela podia fazer isso e fazia para poder entender melhor o mundo a sua volta, usava para se proteger ou para seus objetivos, ela o usava sempre que podia, até o dia que o conhecera. Ele era o único a quem ela não pudera entrar em sua mente, o único que a fizera realmente ficar com medo e desconfiada, o único que surpreendera ela, o único pelo qual ela se apaixonara. Ele vivia longe, passeando pelos campos de sua mente, ao mesmo tempo distraído e atento, preso entre dois mundos tão distintos quanto próximos, e isso a fizera se apaixonar por ele, uma pessoa diferente, impossível de existir, mas que ao mesmo tempo estava ali, firme, forte e presente. Quando ela dissera para ele do que era capaz, ele apenas sorriu e disse que já esperava por isso, afinal o cheiro dela dizia tudo. A partir daí, eles começaram a percorrer o mundo juntos, viajando de cidade em cidade, de país em país, sempre viajando, sempre andando e sempre juntos, até chegarem em uma parte isolada no sul da Escandinávia, onde compraram esse chalé de um jovem casal que se mudara dali para viver na França, lá eles permaneceram, criaram raízes, começaram a viver suas vidas, lá eles começaram a ter uma vida juntos. Muitos anos se passaram desde então e lá estão eles em um sofá, olhando um para o outro, ela com o dedo no lábio dele e com um pedido que ainda pairava no ar, “deixe-me entrar em sua mente”, ele pela primeira vez, não riu, não respondeu sua habitual frase, não desviou o rosto e nem desviou o assunto, simplesmente pegou delicadamente as duas mão dela e as colocou nos lados de sua cabeça sob suas mãos, ela ficou atônita e um pouco chocada, mas dessa vez ele sorriu, deu-lhe outro suave beijo e olhando fixamente para ela respondeu “claro meu amor”. Ela recuperou-se do susto, deu um leve sorriso, beijou-o profundamente e durante o beijo entrou na mente dele.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Perdido


Um belo dia ele acorda, a manhã estava fria, com uma leve brisa que soprava pela janela do quarto, sob os lençóis estava quente e agradável ele se reclina ainda mais  sobre os travesseiros e fica a observar o teto, mas havia algo estranho, franzindo a testa ele passa a observar melhor o teto, era um teto branco e de madeira, depois de absolver aquilo olha para o resto do quarto, era um quarto arrumado e espaçoso, com paredes de madeira beje, um criado mudo com um copo d'água estava ao seu lado, e havia um guarda roupas branco em uma parede, um tapete no chão com alguns animais de pelúcia em cima e vários livros postos nas estantes nas paredes. Assustado se senta na cama, aquele não era o seu quarto, a cabeça dele começou a zumbir e a pensar em velocidade máxima, agora sua respiração estava acelerada e seu coração descompassado. O que ele estava fazendo ali? Como foi que ele chegou ali? E o pior, a quanto tempo ele estava ali? Com o coração aos saltos se levanta da cama, olhou para si mesmo e percebeu que estava apenas com um short pequeno, um que ele sempre usava para dormir, ele foi correndo para o guarda roupas, quando o abriu ele ficou ainda mais assustado, todas as suas roupas estavam ali! Recuperando-se um pouco do choque ele escolheu o que julgava ser a melhor roupa para aquele momento, uma calça jeans um pouco larga e de tecido mais grosso que ele usava para fazer trilhas, um coturno preto, uma camiseta preta com um símbolo dos mercenários nas costas eu uma jaqueta de couro um pouco velha, mas que ainda sim esquentava, ele olhou novamente pela janela o sol já estava alto, mas o tempo continuava frio, ele olhou para o terreno abaixo da janela, parecia ser um campo, daqueles que você vê em filmes de medievais, ele procurou por mais alguma coisa, mas não conseguiu ver nada, somente o campo que se estendia a frente r que quase na linha do horizonte se juntava ao que parecia ser uma floresta, ele voltou para o guarda roupas e pegou uma camisa verde, desdobrou ela e retirou o canivete que tinha ganho de aniversário, mesmo não sabendo aonde estava era bom estar preparado, guardou o canivete no bolso da calça e foi para a porta, quando chegou nela ele ficou apreensivo poderiam haver pessoas do outro lado vigiando a porta, e caso fosse isso ela deveria estar trancada, mas mesmo assim arriscou. Foi até a porta e girou a maçaneta, para a sua surpresa ela estava destrancada, ele abriu a porta devagar para verificar se tinha alguém, não havia ninguém, “ótimo” pensou ele, terminou de abrir a porta e quando viu o que estava do outro lado ficou paralisado,  teve um choque tão grande que perdeu o fôlego e ficou apenas parado observando e pensando consigo mesmo “Isto aqui NÃO pode ser Real!”.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Maldita Frase


A TV estava ligada e ele estava olhando para ela, deitado no sofá apenas de calça jeans, sem camisa e descalço, olhava para a TV, mas não prestava atenção nela. A sua mente voava longe, pensando em alguém que por ironia do destino estava todo o dia ao seu lado, mas ao mesmo tempo parecendo inalcançável. Ele pensava nela quase a todo o instante, seu estômago dava voltas e ele ficava nervoso toda a vez que a via.Ele realmente gostava dela e mal esperava a hora para poder dizer isso a ela, mas queria o destino que ele escutasse algo sobre ela, uma única frase que o fizera pensar novamente antes de fazer, uma única maldita frase que o fizera hesitar com medo de machuca-la e por causa dessa aterradora hesitação a chance passara e ele a perdera.Isso o corroía, o fazia se achar um idiota, um imbecil, o fazia sentir pena de si mesmo. Ele ainda remoía essas lembranças quando o ''time''  da TV disparou e ela desligou, ele deu um suspiro e se dirigiu para a sua cama, no caminho digitou um número e depois de um tempo olhando para a tela escreveu uma única mensagem ''sinto sua falta''.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Céu Cinzento

É engraçado a situação que eu estou. Tem um guarda chuvas virado ao contrário no chão enquanto a chuva chuva cai sobre ele e sobre mim, molhando toda a minha roupa e a a minha bagagem, meus pés estão encharcados e afundados numa poça, um vento gelado sopra atrás de mim me fazendo arrepiar os pelos da nuca, não enxergo nada além de gotas de chuva e escuridão, fora as vezes que os raios iluminam as nuvens. Porém nada disso me incomoda, minha atenção esta focada em outro lugar. Meu peito está aquecido e meu rosto corado, enquanto eu te envolvo num abraço apertado do qual não quero largar, passamos muitas coisas para que pudéssemos nos encontrar novamente e agora que o fizemos não quero deixar que esse momento acabe. Ainda a pouco eu estava reclamando dessa noite cinzenta e úmida, tomando o máximo de cuidado para não molhar os meus pés nem minhas roupas, resmungando da falta de luz que estava tendo na cidade, mas assim que te vi deixei de pensar nisso, quando finalmente percebi que você estava assim, na minha frente, de verdade, eu simplesmente não podia mais pensar nessas coisas, e quando finalmente te toquei, e te abracei aquela noite imediatamente se tornou perfeita, cheia de detalhes e encantos, o céu nunca pareceu tão belo, a chuva nunca me foi tão confortável e o vento tão acolhedor. Meu peito se aquecia mais e mais e quando olhei em seus olhos e finalmente nos beijamos…. eu soube, aquela estava sendo a melhor noite da minha vida!

Quarto Suspiro

O carro parou em frente a uma casa um pouco velha em um bairro residencial, a motorista olhava para as janelas vendo se alguma luz estava acesa, felizmente todas estavam apagadas, ela deu um breve suspiro e religou o carro colocando-o na garagem, entrou pela porta lateral e colocou a sacola em cima da mesa da cozinha. Estava cansada e precisava de um banho, fora um dia difícil e ela teria que tomar uma decisão que mudaria a sua vida. Ela ainda pensava nisso enquanto a água morna escorria pelo o seu corpo ‘'Eu devo mesmo fazer isso?’' pensava freneticamente, suspirou novamente, desligou o chuveiro e foi para o quarto. Colocou uma camisola e lentamente retornou para a cozinha, sentou-se no balcão e ficou olhando para a sacola com a cabeça em cima dos braços cruzados. Algum tempo se passou, poderiam ter sido 30 minutos ou 3 horas ela não saberia dizer, finalmente deu um longo suspiro, ficou ereta e olhou ao redor, percebendo que mesmo com a casa escura ainda sentia um sentimento de conforto vindo daquele lugar, enquanto olhava em volta os seus olhos caíram novamente em cima do balcão, ela serrou os punhos, tomou coragem e abriu a sacola.

Terceiro Suspiro

Ele desligou o telefone e sentou-se na cama, colocou a mão sobre a cabeça, que ainda de ressaca pela a noite anterior. Ele só se lembrava vagamente do que tinha acontecido, pessoas que tinha visto e falado… mas acima de tudo tinha algo incomodando ele, algo importante, algo que ele deveria lembrar. Não conseguia, deu um suspiro e levantou da cama um pouco tonto, foi devagar até a cozinha tomou um pouco de água e sentou-se na cadeira ainda com aquele sentimento de buraco, vazio, um sentimento que era como um frio na barriga, mas não da forma como deveria ser… Ele sabia que aquilo que ele precisava lembrar era muito importante, mas infelizmente não conseguia. Frustrado ele pegou o celular e discou um número e esperou chamar até cair na caixa de mensagem, deu outro longo suspiro, deixou um recado rápido e desligou, foi até a cama e deitou-se novamente, o mundo girava ao seu redor e isso não o ajudava a se lembrar. Começou então a pensar na noite anterior tentando sem sucesso se lembrar dos acontecimentos com exatidão, suspirou e fechou os olhos por um momento, a tontura agora era quase uma vertigem e ele precisava relaxar… de repente ele os abriu, tinha se lembrado! ‘'Como posso ser tão burro por esquecer disso!’'. Levantou-se num salto, fazendo o mundo girar mais um pouco, se arrumou rapidamente, pegou as chaves do carro e saiu.